sábado, 20 de dezembro de 2008

diálogos

Por Edu Ema

- Não, você não sabe o que é passar por isso, logo é muito fácil falar assim.

- Por que é tão difícil esquecer? Sabe que é o melhor a fazer, não? Ou está tão cego assim? Não, não, ainda vejo razão em seus olhos, ainda há consciência, você ainda está aí dentro.

- Sim, eu estou. Como falei, as coisas não são tão fáceis. A razão voltou a trabalhar fortemente em mim...

- Jura? Não parece! Está mais para um tolo! Sofrendo por uma ilusão. E o pior de tudo, uma ilusão que você criou para não fazer outra pessoa sofrer, porque você não precisava disso!

- Como tem tanta certeza?

- Conheço você! Você criou todo esse sentimento, provavelmente por culpa, como sempre. E agora está preso dentro de sua própria mentira.

- Uma mentira que é real! Uma mentira que muitos julgam necessária! Uma mentira que muita gente também acredita! Uma mentira chamada amor!

- Amor? Você não acredita em amor, lembra? Já disse isso várias vezes! Inclusive para mim!

- Eu sei, falei centenas de vezes! E realmente não acredito. Mas meu maior sonho é sentir sua existência, para que eu não precise ficar inventando mais nada para colocar em seu lugar.

- Sabe qual é seu problema? Busca tanto o amor, mas não acredita nele, nunca saberá reconhecê-lo, mesmo quando ele estiver a um palmo do seu nariz!

- Sei como reconhecer o amor. E geralmente ele cai na armadilha da minha mentira. Não pense nisso como algo ruim, pois não passa de um jogo bobo, criado por mim, para me proteger mesmo. O problema é que eu caio junto na minha armadilha com o amor e eu tenho que escolher por mim ou por ele para salvar.

- E quem você escolhe? O amor? O que acontece, então?

- Na maior parte das vezes eu salvo a minha própria pele, mas em algumas outras eu caio nas artimanhas do amor e escolho sua salvação. Eu fico preso em minha armadilha e não consigo aproveitar a liberdade do amor.

- E o amor não poderia ajudar você?

- Não... ou ele tem medo e some logo em seguida, ou ele já está tão fraco que dura mais alguns minutos e acaba, ou...

- Ou... você cai na real e percebe que não precisa de nada disso! Que está sendo enganado e que precisa deixar de ser besta!

- Não! Ou ele promete que vai voltar para me salvar... e eu acredito, enquanto me restam forças.

- O que faz você acreditar no amor, agora, nesse exato momento, depois de tudo... de tudo que aconteceu. Acha que ele realmente vai voltar e salvar você?

- Bom... eu não sei. Parece tudo muito fácil, mas não é!

- Não é tão fácil, mas exige um esforço seu! Você precisa se conscientizar, cair na real mesmo! Esse é o primeiro passo, depois disso você vai ver como fica fácil!

- Já me conscientizei. Já cai na real. Já tomei na cara, já chorei, já fiquei triste, já fiquei sem dormir.

- Mas você tem que...

- O mais doloroso foi ter que construir de novo a a velha prisão de gelo em que costumo guardar meu coração e mesmo com toda a dor e imenso trabalho, eu consegui terminá-la.

- Então, por que você está assim? Essa etapa já passou, você deveria estar novamente frio e intacto! Ainda pensa no amor verdadeiro? Acredita mesmo em amor e isso impede você de fazer qualquer coisa, não é isso?

- Não, eu não acredito. O problema é que meu coração ainda está quente da última paixão e espera ansiosamente pela volta do seu amor. Isso impede qualquer ação ou tentativa da minha cabeça de tentar pará-lo ou congelá-lo em sua prisão de gelo novamente.

- Ótimo, já é um primeiro passo. Também não podemos atropelar as coisas. Claro, tudo foi muito recente, você ainda está muito mexido com isso. Logo tudo se acalmará e voltará ao normal, você vai ver.

- Enquanto meu coração tiver qualquer sinal de esperança do amor, ele não vai deixar minha cabeça tentar aprisioná-lo novamente. Não haverá gelo suficiente para esfriá-lo. Ele é bobo, ingênuo e teimoso. Infelizmente são as características que mais aprecio nele, mesmo me fazendo sofrer tanto.

- Esse amor não vai voltar, você vai ver. E logo tudo estará como antes, você vai voltar a ficar bem e feliz! Esse amor é uma mentira, e graças a Deus ela acabou!

- Tudo que mais quero agora é que esse sofrimento acabe, você sabe! Mas de alguma forma eu acho que meu coração está certo. Sem esse sofrimento, chamado amor, eu não conseguirei ser feliz.

- Ai, ai, ai... eu desisto.

2 comentários:

MaxReinert disse...

Mas o amor não sobrevive só de passividade. Nem de espera... Nem de ilusões! O amor precisa de muito mais do que isso... O amor precisa ser construido no dia-a-dia, precisa ser conquistado e edificado! O amor romântico só existe nos filmes... O amor real (que deixa a gente sem fôlego da mesma maneira que o outro) é um pouco mais complexo e depende de vários fatores. Dentre eles a honestidade. E também a coragem... de se expor... de se mostrar realmente como se é... para ser aceito sem reservas! E se isso não acontecer, então, não era amor. Era tesão, paixão... qualquer outra coisa que até é boa, mas não o suficiente!

João Cappello disse...

MaxReinert, eu concordo com você.

Esse é um fragmento de uma conversa que tive com Edu Ema.

Ele tem essa visão romântica do amor de filmes e novelas. Acho que esse modo de encarar a realidade é apenas uma fuga. Edu Ema não sabe muita coisa sobre o amor e acredito que além de tudo ainda tem muito medo dele. Muito medo de se machucar.

Claro, assim nunca conseguirá amadurecer e se permitir amar de verdade, se é o que ele tanto diz querer.